Teu blog é grande ou pequeno?
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por Ana Farias |
Converso muito sobre isso com outras blogueiras, quando acontece da gente se encontrar, porque acho que é papo pra "olho no olho" mesmo, e também porque não sou fã de gerar polêmica na internet - porque a gente sempre acha que tá sendo clara, mas tem quem se equivoque e/ou leve a coisa pro lado errado, afinal o autor não tem controle sobre o impacto do que escreve. Então, pra não ser mal interpretada em assuntos que envolvam terceiros, prefiro ficar quieta. Mas hoje abri o email e tinha um comentário tão sem noção que né, abriu meu apetite pra publicar minha opinião aqui.
É que tem gente que simplesmente não capta, não concatena. Acho que não entende o que é blog, que quem escreve não é um robô com fórmula mágica pra agradar todo grego e todo troiano desse mundo. Que quem escreve blog não vive em função de escrever blog, que tem uma vida pra levar, outras ocupações e responsabilidades e necessidades. Outro dia, por exemplo, uma amiga blogueira encontrou sem querer em outro blog uma pessoa reclamando dela, atacando pessoalmente mesmo, só porque ela tinha demorado dois dias pra responder uma pergunta. Informou delicadamente que não tinha tido tempo pra entrar na internet, e a resposta que recebeu foi um clássico do nonsense: "mas você tem Iphone!".
:/
Blogar tem que ser opção, gente, não obrigação. Obrigação é fazer jornal, revista, programa de tv, redigir petição, preparar aula, investigar o problema do paciente, atender bem seu cliente, e por aí vai, porque do contrário a página fica vazia, o programa não vai ao ar, o cliente perde a causa, o aluno não passa na prova, o paciente perde a vida, o cliente sai sem comprar. Mesmo um blog que se propõe a ser diário, como o TT, a coisa tem que ser feita com prazer, senão desanda. E, mesmo que desande pra uns, ainda vai ter quem goste do jeito que está, porque o que faz com que a gente defina um blog como "bom" ou "ruim" é algo muito pessoal: gosto.
Não entendo gente que acha que todo blog tem que ser igual, repetindo o que consideram uma fórmula de sucesso. São pessoas que acham que todo mundo tem que ser nivelado e colocado dentro de uma tag. "It", "pequeno-grande", "creuzo", "classe A-B-C", etc. Pra mim existe blog mais antigo e blog mais novo, bem escrito e mal escrito, feito por blogueira simpática ou por blogueira antipática. Ponto. E eu entro em qualquer blog que seja feito por pessoa(s) simpática(s) quando o assunto do dia me interessa, porque a informação pode vir de tudo que é lugar. Não importa se é blog de beleza ou de moda ou de esmalte, se "tá na mídia" ou se não tá. Só não perco tempo mesmo com quem se acha melhor do que os outros, porque se a pessoa não me interessa, o que ela tem a dizer também não.
Quem é que pode achar legal que todos os blogs funcionem da mesma forma, ou que abordem os mesmos assuntos da mesma forma? Será que não é bom ter opções, da mesma forma que temos com mídia impressa? Eu compro todo mês Elle, Estilo e Vogue, às vezes Gloss, Marie Claire e Criativa, não compro Nova, Manequim, Capricho e outras tantas que podem ser legais também, mas cuja abordagem não me interessa sempre - e revista, ao contrário de blog, tem um custo, certo? Então é questão de se identificar mesmo, e de entender que não é pessoal se você não curtir ou descurtir, é só uma questão de timming. Daí você sai pra comprar outra revista ou vai ler outro blog, não precisa mandar carta ou email agressivo dizendo que não te interessa mais. Porque isso sim é ter tempo de sobra nas mãos!
Cada um tem sua história, sua escrita, sua opinião, sua abordagem. Cabe a quem lê escolher o que prefere. É igual tudo mais: tem seriado policial que eu gosto e seriado policial que eu não gosto, tem massa de empada que eu gosto e que eu não gosto, dupla sertaneja que eu gosto e que eu não gosto (e mesmo que goste, tem vezes que paro de acompanhar alguma coisa, depois volto). É que o tema pode ser o mesmo, mas a abordagem (o tempero) é diferente, e cada um escolhe a que mais lhe apetece. Mesmo no caso do TT, que é um blog só, o tempero varia: eu e Vivi temos maneiras diferentes de nos expressar, de escolher e colocar a pauta, e mesmo divergência de opinião. Tudo bem.
E posts acontecem de acordo com o que tem vontade de falar no dia, pode ser uma dica, uma interferência no post da outra ou de outra blogueira, algo que se pesquisou durante meses, algo que se viu naquele dia. Falta de assunto pra mim é ficar em silêncio, coisa que muitas vezes faço - e na maior parte do tempo nem é falta de assunto, mas de tempo. Se quero escrever sobre o dia que paguei 46 reais pra fazer pé e mão, ou se a Vivi mostrar o rosto vermelho pós-peeling, vai ter gente que vai gostar de saber sobre algo que aconteceu comigo, e gente que não vai gostar, vai ter gente que vai se interessar pela proposta de se mostrar o dia a dia da recuperação da pele dela, e gente que não vai. Se a pessoa que lê entende que cada dia é um dia, e que com ele surge um novo assunto, vai voltar, interagir, sugerir, e é assim que cada blog sobrevive. E seja considerado "grande" ou "pequeno" (definições que pessoalmente acho podres), todo blog está sujeito a ganhar ou perder audiência todo santo dia.
Mostrar uma compra, ou a foto do cachorro, ou falar de algo que aconteceu no dia, ou mostrar o esmalte que tá usando, a roupa que tá vestindo, um site que acha bacana, a bolsa que queria comprar, a festa para a qual foi convidada, o hot e o not, tudo isso é assunto. Tem blogueira que escreve quando dá vontade, outras fazem um post por dia, outras quando tem tempo pra sentar e escrever, e não postar não significa não ter assunto, assim como publicar um texto que não interessa um grupo de pessoas não significa que a blogueira não tenha o que falar. Cada blog tem seu funcionamento, e sempre vai ter dia que o assunto vai parecer mais interessante ou não pra um ou pra outro. Será que isso não é meio óbvio?
Eu, como leitora, prefiro os blogs mais pessoais, e mais pé no chão também, mais próximos da minha realidade. Mas tenho o maior respeito por todos os outros. E acho que o problema maior é justamente a falta de respeito, de quem lê blog e de quem bloga também, em relação ao que não gosta. Cada um no seu quadrado, vivendo e deixando viver, porque o mundo não é assim? Por que tudo tem que ser guerra de ego? É como diz a personagem da Emily Blunt num filme que eu adoro (O Clube de Leitura de Jane Austen): "high school is never over". Realmente, o que mais se vê é a sétima série all over again!
Pra terminar, lembro muito de que quando eu comecei quem lia meus posts era a Vivi, e eu os dela. Quando a gente começou não tinha isso de receber produtos de graça ou ser chamada pra festas. A gente viveu muito de cada pedacinho dessa história de blogs de beleza, do ponto zero ao que se vê hoje, e espero continuar pra ver muito mais. Lembro que quando percebemos que seria legal entrar em contato com empresas pra pedir amostras ou releases pra conhecer os produtos, a gente o fez (ouvindo muito não ou recebendo silêncio em troca), por isso entendo muito bem quem tá começando e se perdendo no comofás. Mas não custa nada tentar entender como funcionam as coisas, vai ter sempre alguém disposta a te ajudar.
Blog é coisa muito nova, envolvimento de empresa e de publicidade em blog coisa muito mais nova ainda, tá todo mundo aprendendo a fazer enquanto faz. Mas o fato de você receber um release sem pedir ou ter que pedir um release não te define. O que te define é o que você faz com a informação que tem, e o que te impulsiona a ter um blog. Porque gente fake, que taí pelo que pode ganhar, e não pelo prazer da brincadeira, existe em blog de tudo que é "nível de crescimento", digamos assim. O que muda é o valor do brinde.