Valeu, Impala!... not!
Categoria(s) unhas |
por Ana Farias |
O problema principal nessa vida de reclusa socio-profissional é que as pessoas nunca acreditam que você tá trabalhando. Vão chegando aqui em casa (afinal elas sabem que estou em casa), me vêem diante do micro e pensam, ah, tá só brincando, vem cá que eu vou te contar a última do filho da minha vizinha. Peraí que eu tô trabalhando, tia, já vou lá. Uai, mas você tá é jogando aquele joguinho das galinhas que daqui eu tô vendo. Porque também tem isso, o ser humano só passa atrás de você na hora que você acabou de abrir a página do Farmville. Ou resolveu parar um pouco pra jogar paciência.
Mas tudo bem, eu entendo esse pensamento. Porque também tem muita gente que, ao contrário das minhas tias, vive na internet, tem blog até, nasceu em outro mundo, e mesmo assim se recusa a admitir que exista vida problogger. Como se não fosse trabalho honesto, e sim coisa de quem não tem o que fazer, ou melhor, de quem não tem emprego de verdade (aloow, não tenho emprego de verdade, nem feriado, nem fim de semana, nem hora pra dormir). E perguntem pra minha mãe o que eu faço. Gero conteúdo pra sites? Que nada. Ah, ela mexe com um negócio aí de internet. Outro dia uma tia me viu fazendo uns swatches de batom e disse "você tá me lembrando a sua prima brincando de maquiagem quando tinha oito anos".
Mas peraí que não é nada disso que eu vou falar no post não, tava só puxando prosa mesmo. Pra quem não sabe, é que trabalho em casa e moro na roça, então não é assim muito fácil tipo ter as coisas que você quer na hora que você precisa delas. Fazer unha, por exemplo. Tem dois salões aqui perto, num deles eu não vou nem que me paguem (tem história), o outro ou tá fechado ou tá lotado. Aí eu tenho que virar a serrinha e ir no shopping - coisa que seria facílima se eu dirigisse.
Outro problema é que existe uma diferença entre pagar 15 reais na única manicure do bairro* e fazer pé e mão no shopping, né? Às vezes é mais negócio ficar sem esmalte mesmo. Só que hoje não deu pra escapar, eu precisava muito, daí fui pro Werner. Quando a recepcionista me disse o preço de quinta-feira as bolas dos meus olhos quase saíram voando pelo salão gritando nooooooooo, mas tudo bem, caso de necessidade. Trinta e seis reais, gente. Isso na minha época dava pra comprar uma calça jeans e ainda sobrava pra tomar uma coca-cola.
Tinha levado o Glamour Pink (Colorama) pra passar nos pés e o primeiro marrom acinzentado que encontrei pra passar nas mãos. Porque senão eu só uso os esmaltes azuis e os verdes, que é minha nova mania depois dos cinzas. E chegando no shopping bem vi uma menina com o Hippie Chic (idem), e quase mudei de idéia, tive que me segurar e manter o plano. Mas, pra fins de economia, antes tivesse mudado a combinação, viu? E aí que entra o valeu Impala not do título.
É que só quando a manicure começou a passar o esmalte na mão, vi que era um que eu ainda não tinha feito swatch, logo não sabia como se comportava na unha. Tá achando besteira? Uhn uhn, não é não. O esmalte que peguei na pressa foi o Fendi Queimado, da coleção mate da Impala. E digamos assim que aprendi que ele nunca deve ser escolhido na pressa.
Vocês sabem que aqui em Niterói todo mundo tira a pontinha. A manicure espera isso de você, e se não ouvir as palavras "não tire a pontinha, por favor", já era. Eu geralmente tiro, mas como minha unha tá muito quebradiça, tenho pedido pra tirar só o cheiro da pontinha, sabem como, assim, só encostar o dedo pra tirar o esmalte que fica muito na ponta. Porque aí ele não lasca já no dia seguinte. Então pedi isso, né, tira só o cheiro da pontinha.
Vocês não têm noção do horror que minhas mãos ficaram. Primeiro, cada ponta de um tamanho, mas isso foi mais culpa da manicure. Esmalte acumulado nos cantos e no caminho da retirada da ponta (deu pra entender?), porque ele é muito grosso, e como ela fez a ponta maior do que eu tinha pedido ficou uó. E cheio de valões, como se ela tivesse passado sem querer o pau de laranjeira em cima e tirado um pedaço da cor.
Nessa foto, a falha mais próxima ao canto da unha foi feita pela manicure ao limpar o cantinho. Mas a de cima o esmalte fez sozinho!
Aí enquanto ela fazia meu pé, eu não conseguia tirar os olhos da mão. Ela já tinha refeito alguns dedos, porque tava tão podre que eu tive que pedir isso pra ela. Odeio ser cliente chata, mas né, tem hora que não dá. Aí eu só sei que não me contive, e perguntei quanto custava pra esmaltar de novo. Oito reais. Ela disse que não precisava pagar, que ela fazia, mas com aquela cara de &%#$!, né, e eu disse que não, que eu tinha pedido pra ela tirar a ponta e não tinha gostado, então assim, opção minha, problema meu, vamos resolver de maneira honesta. Tudo bem que ela tirou mais ponta do que eu tinha pedido, mas aí tinha sido falha de comunicação, coisa que em parte também era culpa minha.
Daí, sem fazer pontinha, a coisa foi bem diferente mesmo. A mão ficou linda, o esmalte não acumulou. E ele seca super rápido, fica um fosco emborrachado que é meu amor eterno. Minha única reclamação continua sendo essas lanhuras que eu mostrei lá em cima em algumas unhas. Parece que o esmalte "encolhe". Isso eu não sei explicar e acho que é um super ponto negativo. Depois de muito tirar e pintar de novo, ainda fiquei com três unhas parecendo que estão mal pintadas.
Então é esmalte pra se aplicar com o maior cuidado do mundo. Fazendo, ou pedindo pra manicure fazer, lembre-se de:
1 - pedir pra ela limpar o cantinho assim que passa a camada (tem manicure que pinta a mão interia e só limpa o cantinho com pau de laranjeira na segunda passada de esmalte. Em caso de esmalte grosso, isso não dá certo e afeta o acabamento);
2 - não tire a pontinha! Deixe o esmalte lascar e pinte de novo, melhor.
Então por que esse título pouco amigável, se tô com minha mão linda do jeito que eu queria? Porque eu acho que esse esmalte tinha vir com um folhetinho explicando comofás! Costumo pagar entre 15 e 24 reais pra fazer mão e pé, hoje deixei inacreditáveis 46 reais no Werner. Isso na minha época dava pra comprar a coleção inteira de LPs do Iron Maiden. E sobrava!
* claro que eu super tô exagerando. As manicures do bairro existem, só que aqui é meio ilha de Lost, as pessoas de vez em quando somem mesmo. ;)