Aumento de IPI nos Cosméticos - Futilidade Pública
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por Trendy Twins |
É um texto longo, mas leiam, por favor, amores!
Desde a semana passada começou a circular um comunicado pela web, assinado por um representante da ABIHPEC - Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosmética, divulgando a possibilidado do Governo brasileiro aumentar a alícota de IPI para o setor de cosméticos e afins.
Como fazer barulho por nada não é nossa intenção, procurei saber por quem está envolvido no setor se o comunicado era verdadeiro ou não. A resposta é, como tudo no nosso país, a princípio é apenas um boato. Porém um boato com grande fundamento e assim, chances enormes de se tornar realidade.
Todos sabemos que o mundo atravessa uma tremenda crise econômica. Eu não vou ficar aqui explicando como diferenciar o sexo das lagartixas. O Governo brasileiro baixou as alícotas de IPI em diversos setores, para fomentar o consumo e evitar a famigerada recessão, que, em breve resumo, é quando a roda do Consumo, como um todo, para de girar. O cidadão não consome e a Indústria não vende. Se a industria não vende ela reduz o quadro de funcionários. Sem emprego a pessoa definitivamente não compra nada. Não comprando nada o Comércio se abala e as portas começam a se fechar, provocando mais demissões e daí por diante, até que tudo vire um caótico nó, com Economia paralizada.
Baixar taxas de juros e IPI nos setores de Construção, Automóveis, produção de eletro-eletrônicos e outras coisas é uma solução brilhante ( praticamente a única com efeito rápido) para aumentar o consumo.
Como ninguém aqui é bobo, sabemos perfeitamente que existe aquela coisa chamada Orçamento da União. Que, nada mais é, do que o valor que o Governo tem para manter todo o país em movimento, durante o período de um ano. Esse valor sempre é divulgado no início de cada ano. Ele é votado e aprovado de acordo com as contas apresentadas e a atividade econômica é o grande gerador de dividendos (GRANA, MONEY) para que isso aconteça. Vocês ficam dentro do seu orçamento previsto para o mês? Não, né. Então, o Governo também não.
Acontece que o nosso dinheiro e orçamento estourado, depende do nosso trabalho e da maneira como gastamos ou investimos esse dinheiro. O Governo não "trabalha". O Governo gerencia recursos, que são obtidos através dos impostos que todos os setores pagam. Os Municípios, os Estados e nós, Cidadãos, somos os provedores da folha de pagamento do Governo; seja através do consumo, seja através do pagamento direto de impostos (Leão, oi? ICMS? IPVA?IPTU?)
Dessa maneira, quanto ele reduz o valor do IPI que ele receberia de um setor (Construção, opr exemplo), aquele dinheiro fará falta no Orçamento do ano. O Governo vai apertar o próprio cinto e cobrir a despesa? Óbvio que não. Ele vai tirar de outro setor. Porque o último calo a ser pisado é o calo governamental, minhas queridas.
Para cobrir esse buraco no orçamento, o Governo brasileiro já aumentou os impostos sobre cigarros e bebidas alcóolicas. Nenhuma novidade até aí, porque esses são sempre os primeiros alvos, já que se tratam, praticamente, de drogas lícitas.
Agora, conforme sussurra a boataria, a mira do aumento nos impostos estaria no Setor de Cosméticos e Higiêne, considerado como aquele que negocia ítens supérfluos.
Eu não vou mesmo entrar na questão da superficialidade do batom ou do sabonete. Não vou mesmo. Só quero deixar muito clara uma opinião pessoal.
Alguém dentro desse Governo já olhou os números do Setor de Cosméticos? Ou ele é tão superficial que não merece um relatório? Tipo, esses números retirados do Comunicado da ABIHPEC:
"A carga tributária direta que agrava o setor, já é extremamente elevada. Abaixo o percentual de carga tributária em alguns produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPPC), com base no Estado de São Paulo, incluindo todos os impostos sobre vendas: IPI, PIS/Cofins monofásico e ICMS da operação própria da Industria e da Substituição Tributária:
Perfume - 123,2%
Esmalte para Unhas - 98,0%
Batom - 94,0%
Cremes para Pele - 92,5%
Tintura para o Cabelo - 91,5%
Condicionador para o Cabelo - 78,6%
Desodorante - 62,0%
Shampoo - 60,6%
Sabonete - 57,4%
Absorvente Higiênico - 55,8%*
Papel Higiênico - 51,3%*
Protetor Solar - 50,2%
Fraldas Descartáveis - 47,7%
Escova Dental - 41,4%
Creme Dental - 37,8%
Conforme Instituto Euromonitor, já com dados consolidados do ano de 2008, o Brasil é o terceiro maior mercado mundial, com 8,6% de participação no consumo mundial de produtos de HPPC, tendo a frente apenas os Estados Unidos e o Japão.
É o primeiro em desodorantes; o segundo em produtos para os cabelos, perfumaria, produtos masculinos, higiene oral, infantil, protetor solar e produtos para o banho; o quarto em maquilagem; e sexto em produtos para pele. As categorias de maquilagem e produtos para pele, em que o Brasil não se situa entre os dois primeiros, são, em geral, as que são agravadas com alíquota de impostos como mencionados acima de 94,0% a 98,0 e 92,5% respctivamente.
O Mercado de Consumo Brasileiro tem 8,6% do mercado mundial."
Em resumo, a análise superficial e preconceituosa de quem gerencia nossa economia, pode fazer com que milhares de brasileiros percam o emprego. Tudo porque eles só pensam no consumo de cosméticos em sua fase final, quando a moça passa o esmalte nas unhas. Mas não vêem (será que não?) que essa moça trabalhou na fábrica de embalagens, o marido na de adesivos, o filho faz estágio na agência de publicidade que tem a conta do esmalte... E que se o preço for alto demais, na casa dessa família, não é esmaltes que vai faltar, mas emprego.
Não podemos ficar caladas diante disso. Todos nós temos responsabilidades dentro da crise. Antes de nos rotular como consumidoras fúteis, refaçam suas contas porcas e parem de pagar passagens de avião para a família dos Excelentíssimos passar férias na Europa. Diminuam o valor do Auxílio Gabinete. Parem de pagar aluguel para políticos em geral, porque se a distância geográfica de Brasília é um empecilho para a carreira de um político, por que ele não pede para sair?
Eu aceito aumento de taxas de impostos em qualquer setor, qualquer um mesmo. MAS SÓ DEPOIS QUE O GOVERNO BRASILEIRO ENXUGAR O CABIDE DE EMPREGOS, OS GASTOS ABSURDOS COM A FOLHA DE PAGAMENTO E PARAR DE GASTAR MAIS DO QUE ARRECADA.
Quando as contas estiverem todas certinhas, translúcidas, eu pago mais, sem reclamar.
E aí, meninas, vamos fazer barulho? Comentem, divulguem, linkem. Ajudem a mostrar para esse pessoal que, se eles não entendem os números, nós entendemos. Se for preciso, a gente faz um desenho...
Boa
* para esses produtos eu queria saber qual a altenativa não-supérflua.