RETOCAR OU NÃO - EIS A QUESTÃO
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por Trendy Twins |
Vem de longe, lá da Grécia, a mania de perfeição. Simetria, formas geométricas, proporções. Parece que estamos falando de arquitetura, quando, na verdade, o assunto é beleza.
Na essência, o que eu entendo por beleza é harmonia. Tudo aquilo que agrada aos olhos. Os gregos consideravam belo aquilo que era matematicamente perfeito. Mas e daí, veja só a Grécia Antiga o que virou; um monte de mármore sobre mármore arqueológico. E os tais padrões de beleza deveriam estar enterrados bem fundo, junto com aquela nojeira toda que eram os banhos públicos (que não eram bonitos nem, muito menos, limpinhos).
Sei que da Grécia Antiga para o Photoshop rolou muita água. Mas o foco da discussão ainda é o mesmo: perfeição. Se antes era preciso esfolar o rosto com pedra pomes pra sumir com as células mortas, hoje é só clicar na ferrament Blur e sai rapidinho uma deusa para impressão.
Sabem do que mais? Eu também quero ser bonita. E acho que todo mundo deveria nascer com dois refletores estrategicamente posicionados, sei lá, acima da testa. Pra controlar a luz. E, de repente, usar as orelhas como rebatedores. Porque vocês sabem que luz boa é tudo, né? E que Giselinha, Naomi, Agnès e todas as outras não seriam nada sem a equipe de iluminação.
E sem os makeup artists, of course. Porque eu não sou ninguém sem rímel. Muito menos sem pore refiner. Deus me livre de um mundo sem minimizador de poros!!!
Não me orgulho das marcas do tempo, não. E mantenho meus pés atrás com quem ostenta com orgulho um bigodão chinês dizendo não se importar (será mesmo?). Eu me importo, sim. Não tenho $$ suficiente para usufruir de tudo que a modernidade disponibiliza hoje em questão de estética, mas se tivesse, ah, se eu tivesse...
Por outro lado, isso não me tira o sono. Nem a vontade de brincar. Afinal de contas, eu sou muito maior do que um punhado de poros dilatados, uma coxa celulitosa e uns pézinhos de galinha aqui e acolá. Eu sou mulher, gente! E vocês também.
A nossa beleza é construída em cima disso. De hormônios que flutuam, de cabelos finos ou grossos demais, de marcas de expressão, de acne vulgar, de acne tardia, de manchas senis. E esse deveria ser o grande barato, o nosso jogo de xadrez pra vida toda: nossa vontade contra o tempo. Ninguém ganha, ninguém perde. Porque esperta é aquela que sabe que o tempo pode ser moldado, diluído, transformado, de acordo com a nossa disposição em lidar com a realidade.
E retoque não é real. Vende revista, mas não é real. Faz fotos bonitas, mas não é real. O ruim do retoque é que ele vende o que não existe, o que não está lá. É uma beleza extrema, mas efêmera, que não resiste à água quente e muito menos ao espelho nosso de cada manhã. E que cedo ou tarde frustra, no momento em que se percebe que a realidade é diferente daquela mostrada no porta-retratos bonito.
Cuidem-se bem. Amem-se muito. Comam direito, protejam a pele, pratiquem exercícios. Construam uma beleza real e com fundações profundas. Beleza pra durar a vida toda e moldar-se de acordo com o tempo. Porque tem tempo, muito, muito tempo. Muito mais tempo do que um clique, que é só o que um editor de imagens pode te proporcionar.
Ah, antes que eu me esqueça:
Não, não vale usar fotos com tratamento de imagens ou feitas em estúdio nos nossos Desafios. Fica lindo, sem dúvida nenhuma. E nós sabemos muito bem que é uma prática comum no mundo da estética. Mas aqui nós temos que escolher, de acordo com alguns critérios. E é impossível julgar coisas que estão em níveis diferentes. Fotos retocadas ou trabalhadas não podem ser avaliadas lado a lado das domésticas. Ponto.
G.B.