Bula da Cuca: o que seu espelho mostra, meu bem?
Categoria(s) colaboração, desvendando a bula |
por Vivi |
Hoje eu quero fazer desse post uma conversa entre amigas, compartilhar com vocês.
Sempre vivi uma luta incessante contra a balança. Quem me conhece vai ler essa frase e pensar: "ó a neurótica da Priscilla de novo"!
Apesar do meu 1.75m, sempre fui "roliçona", como diz minha mãe. Tudo "ão": pernão, coxão, bundão, bração, quadrilzão. Quantas pessoas já me perguntaram se eu estava com as pernas inchadas, de tanto que tenho as canelas grossas?
Sempre engordo-emagreço-engordo-emagreço. Às vezes converso com alguém no msn (geralmente homem, claro) e logo vem a pergunta: "Pri, você está gorda ou magra"? É de matar.
Só que com o rompimento dos 30 anos (ok, eu tenho 34, mas carinha de 28!) parece que as bichinhas (as gorduras localizadas) agarram no corpo e na alma na gente. "Nunca mais te deixarei, Priscilla", elas gritam.
E quem já está nessa faixa etária já sabe, não pode ficar brincando no efeito sanfona (engorda-emagrece) demais, porque cai tudo, amigas. T.U.D.O.
Resultado: se eu emagreço, fico com cara de doente, parecendo uma caveira. Aí vem to-do- mun-do falando: "você precisa dar uma engordadinha, tá magra demais, com cara de doente".
Como era de se esperar, minha autoestima está inversamente ligada ao meu peso. Quando engordo, tudo vem em cascata: paro de fazer as unhas, de escovar o cabelo, de ficar bonita.
Quando estou magra, fico feliz, me sinto radiante, toda "me sentindo".
Aí eu vejo essas reportagens de gordinhas felizes. Aí eu leio o post da minha gêmea Marina sobre moda e pessoas com sobrepeso.
Toda regra tem sua exceção, lógico. Não que ser magra seja regra, mas é o estereótipo que nos persegue por todos os lados.
E eu penso: "será que elas são felizes mesmo ou estão enganando a si próprias"? Mas será?
Admiro quem é gordinha, se assume, é vaidosa e feliz. Que não usa sempre aquelas mesmas roupas de quem está acima do peso. Que é desencanada, que se gosta como é. Que mesmo sabendo que está acima do peso, cuida da saúde, do coração. Bato palmas e invejo.
Voltando ao desabafo, eu me separei recentemente. Primeiro vem aquela fase de luto, de raiva, de emagrecer porque a fome vai embora. Fiquei magra e me achei linda.
Só que eu não comia, amigas. Na minha geladeira só tinha água e pão integral.
"Mas como você não morreu, Botinni"?
Eu tomava um pote de 2 litros de sorvete por dia. E só.
Comia uma barra de meio quilo de chocolate por dia. E só.
Meu cabelo caiu, eu comecei a adoecer e fiquei a cara da Noiva Cadáver, do desenho animado. E olha que sou farmacêutica, hein?
Foi preciso minha família se mobilizar e me convencer de passar uns tempos na casa da minha mãe, no interior, onde estou há quase 2 meses. Rehab, literalmente.
Eu não como arroz, feijão, verduras, legumes e etc. Minha mãe põe no prato e me obriga a comer. Igual meu sobrinho de 3 anos.
Nunca tive barriga grande, nunca. Podia engordar 10 quilos que a bichinha ficava lisinha. Aí um belo dia minha mãe solta a pérola: "credo, que barrigão, você está grávida"?
Primeiro, grávida só se for do Espírito Santo. Segundo, realmente eu estava barriguda!
Tomei um antigases para ver se a barriga murchava (podiam ser gases, né?) e nada.
Resolvi fazer Pilates, com a desculpa de corrigir a postura. Também porque pareço uma girafa desengonçada, mas na verdade eu queria era "firmar" as maleditas. Comecei a fazer drenagem linfática também, duas vezes por semana.
E a amiga (oi Laura!) tira minhas medidas antes e depois de cada sessão. Saio de lá com menos 3 cm de barriga. Chega a outra sessão, eu engordei e recuperei as medidas.
E então é a morte. Bate um sentimento de culpa, saio de lá pensando "nunca mais vou tomar coca-cola, vou fazer promessa para Nossa Senhora Aparecida"!
Eu tomo remédio para dormir há 8 anos. O bichinho deixa a boca seca que é uma coisa. Mas o que tem a ver uma coisa com a outra? Tem que eu levanto dopada por conta do remédio a noite inteira e com muita sede, a boca pregando. E só serve coca-cola. E a zero não serve, me dá dor de cabeça. Resultado: tomo coca-cola a noite inteira. Deixo até um copo no freezer, para ficar geladinho.
Se tem um pacote de bolacha, eu como o pacote inteiro. Meio que inconsciente, sabe? Só me lembro no outro dia.
Como toda casa mineira genuína, aqui só tem comida gordurosa. Feijão tropeiro. Torresmo. Doce disso, doce daquilo; bolo disso, bolo daquilo; pão de queijo todos os dias. Comofas?
Pra eu queimar uma fatia de bolo de cenoura com cobertura de chocolate eu tenho que suar 1 hora na academia! Eu odeio academia com todas as minhas forças e adoro bolo com cobertura de chocolate.
Adoro comer minhas "junk foodies" e adoro ficar deitada com meu notebook na barriga.
Entenderam o raciocínio? Já que eu gosto de comer, eu tenho que queimar calorias. Como eu não gosto de queimar calorias (não na academia, hehehehehe, safadeeenha!), eu engordo. E fico deprê. E minhas roupas não me cabem. E eu não saio de casa.
É claro que estou falando de uns poucos quilos a mais, porque obesidade é uma doença que leva à várias outras. Aí já é outro assunto.
Eu sou a prova viva de que não comer engorda.
E faço complô contra mim mesma e não compro uma calça maior porque a minha não está me servindo mais. Odeio quando alguém me fala que eu engordei. "Agora sim, você está bonita!"
Quero matar, esquartejar, fritar os pedaços e jogar os pedaços da pessoa para os cachorros da rua comerem.
Mas também não sou neurótica, tipo aquelas mulheres que não comem nada, que tudo engorda, aquela chatura. Acho uó.
Resumindo: eu me alimento mal, não pratico exercício (faz só 1 mês que comecei Pilates), sou totalmente sedentária. Além de fazer mal para minha saúde, me sinto fraca, sem disposição. Fico vendo as gordinhas felizes de um lado e a Bündchen de outro.
Eu queria ser magra, das pernas finas, para andar só de shortinho e sainha para cima e para baixo. "Mas perna grossa que é bonito, menina"! Não é bonito para mim, amiga. Fica parecendo a mulher melancia. Cachorra de funk. Fica vulgar. É, tenho esse 'trauma' de perna grossa também.
Ah, como eu queria ser magra igual à Gisele, mas só em outra vida. Não é meu biotipo, nem tem como ser. Só nascendo de novo.
E é aí que mora a tênue linha que separa a consciência da doença. Aí que mora a anorexia, a bulimia, o uso indiscriminado de anfetaminas, que é pior que veneno de rato.
Graças a Deus eu sou consciente. Meio irresponsável em alguns aspectos desse assunto, mas consciente. Talvez essa consciência venha da minha formação.
E vocês, como lidam com seu corpo? Se alimentam bem, estão satisfeitas, fazem exercícios, tem a consciência que essa porcariada que a gente come faz mal, pode nos deixar hipertensas, diabéticas, com o colesterol alto e etc?
Vocês sabem que a falta de ferro faz o cabelo cair e deixa as unhas fracas? Que sal demais retém líquido e chama a celulite para grudar na gente?
O que vocês acham de discutirmos sobre o assunto e até fazer uma preparação conjunta para o verão?
Vamos?
Porque eu sei que quem vê cara não vê coração. "Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento."
"Faça o que eu falo, não faça o que eu faço".
E eu sou assim. Por isso resolvi me abrir.
Não sei se vocês captaram a mensagem, espero que sim! Espero suas respostas também!
Beijos!
Correspondente (Gêmea) Especial Pri
Boa: vou já fazer meu depoimento nos comentários!