Os Clogs não me amam (e não o contrário!)
Categoria(s) acessórios, moda |
por Ana Farias |
Bom, a essas alturas do campeonato, até meu pai sabe o que é um clog. Meu irmão aprendeu depois dele, no último domingo, e fez aquela cara de quem finge que está interessado e de que é tudo muito lindo - mas tudo bem, ele tem filho pequeno e descobre coisas bem mais legais todos os dias (não vou começar a contar as gracinhas do meu sobrinho aqui porque senão não paro, sou daquelas tias que desbloqueiam o visor do celular pra todo mundo ver olha que fofooooo. E ainda conto a última).
Não vou mentir pra vocês, o primeiro olhar foi meio que desconfiado. Afinal, foram anos e anos ouvindo que tamanco era feio e cafona, e mesmo não sendo uma pessoa muito dada a preconceitos a gente acaba assimilando esse tipo de coisa. Aliás, o bom é que agora eu rio muito quando vejo algum fashionista dando as costas pra alguma coisa, é só dar um print e esperar dois anos pra ver a opinião mudar, né? Como eu gosto do que eu gosto, e ninguém mais me diz o que usar, uso o que eu quero, sem ligar pro que estabelecem como estar na moda ou não. Daí que, moda ou não, amo clog, uai. :)
Mas então, a primeira referência não foi os anos 90, já que, como contei naquele post que vocês receberam com tanto carinho (tanx!), até os meiados dos 90 eu ainda não era muito ligada em moda - não era consumidora, pelo menos. Apesar de que puxei agora na memória, e bem lembrei que eu tive um clog vermelho sim, muito do fofo, que dei alguns anos atrás pra uma tia (será que ela ainda tem? será que ela me devolve? pra eu poder dizer que é vintage?). Mas ainda assim, clog pra mim é hippie chic, é anos 70 na veia! E eu amo tudo que tenha a ver com anos 70. Como não amar os clogs, então?
Quando eles começaram a reaparecer, amei cada modelo que via nas revistas e blogs, e queria um par de cada, queria tudo, queria todos. E me espantei com o tamanho da rejeição ao pobre coitado do tamanquinho holandês inspired. Até porque eles vieram repaginados com uma carinha tão fofa, tão contemporânea, tão tudo a ver. Bom, só sei que me rendi completamente.
Achei meu par atual meio sem querer, naquele dia das fotos na Leader. Eles têm uma sessão com marcas mais populares bem legal, e comprei um nude rosado peep toe da Moleca. Vejam só como é bonitinho:
Ele é super leve (eu tinha visto a sugestão no blog da Raphaela Avena - os cortes de cabelo mais lindos!), confortável pra caramba, e olha que meu pé é problemático. Custou pouco mais de 60 reais, se não me engano, mas acho que dá pra encontrar mais barato. O material é super macio, então o pé se encaixa, não fica apertando. Só senti o alto meio dolorido no dia seguinte, porque esse modelo pega bastante o pé (e o meu pé é bem altinho, quem não tem esse problema nem deve sentir nada).
Aí começou meu desespero em busca de outros pares, porque né, tem cada um mais cute que o outro, e eu queria um colorido e um mais literal, tipo couro escuro com fivela, bem pesadão.
Primeiro fui na Santa Lolla, que tá com a coleção mais linda de todos os tempos. Comprei uma sandália-clog verde verão altíssima que eu vou me obrigar a usar uma vez por semana - porque né, dei um depoimento fortíssimo aqui dizendo que só compro em liquidação, então é questão de honra agora que paguei preço cheio usar até ele acabar. Depois experimentei um clog lindo (acima), furadinho, e foi aí que começou meu pesadelo de compradora fora do padrão.
Bom, nem tão fora do padrão assim, porque ter pé fino no Brasil não é pra qualquer uma. A nossa forma, de um modo geral, é mais larga que a das européias. O meu pé é mais largo do que o normal brasileiro, mas mesmo assim, né gente. É coisa de calçar 37 e se acostumar a andar num 38 sobrando atrás (e às vezes também na frente), quando o sapato for fechado. Mas não. Agora resolveram que pé de brasileira tem que ser fino também.
SÓ QUE (oi?) PÉ NÃO AFINA.
Bom, o tal furadinho era o último da loja, um 37, e não deu nem pro cheiro. Meu Moleca é 37 e fica até larguinho. Daí minha leitura é que, pras empresas, pobre tem pé largo, rica tem pé fino. Só pode ser. Não tive como checar o 38 da Santa Lolla, mas desconfio que também não ficaria legal.
Fui pra Arezzo, onde tinha visto exatamente o que eu queria. A loja tá com cada modelo lindo (pra quem gosta, né gente, porfa!), eu compraria uns 3 modelos fácil, até porque eles têm clogs de salto médio, enquanto que em tudo que é loja que eu entro só tem clog com 15 centímetros de altura, fora a plataforma. E tem um modelo floridinho que é puro amor. Quem tem sorte pé pequeno, pode se esbaldar por lá.
Já pedi os pares em 38, pra não perder tempo. Gente, vocês sabem aquela sensação de se calçar um sapato dois números menor que o seu? Foi o que aconteceu. Eles não entravam, e os que entravam ficavam apertando. E essa vendedora, apesar de ser uma fofa comigo, é daquelas que ficam empurrando mercadoria, dizendo "leva, que vai alargar". Meu, não vai alargar um número inteiro. Me poupe. "Quer experimentar o 39 pra ver se entra?". Mas viu, eu calço trin-ta e se-te!
Então saí de lá muito frustrada, e quase envergonhada por causa de uma coisa que não tenho a menor culpa de ter grande, e nem sei de onde tirei (minha mãe calça 35 e tem um pé de Cinderella). Não é um absurdo se sentir envergonhada por ter pé largo? As pessoas te olham na loja! rs É quase como se você fedesse.
O que eu acho é que juntou duas coisas aí: primeiro essa história que comento de vez em quando por aqui, sobre estarem afinando as formas dos calçados como se isso fosse uma dica de amiga pra gente que tem pé "feio": perde uns números aí pra ser fina, bonita; segundo, tô chutando aqui: o clog é um modelo mais bruto, né? Então acho que decidiram fazer os tamancos mais estreitos, pra ficarem "mais femininos".
E não aconteceu só com clog não. Já desisti de comprar um oxford. Mesmo caso.
Então tá, fico só com o meu clog "de pobre" mesmo, ele é fofo, e me faz feliz. Mas que isso é um absurdo, é.