Sobre sabotagem
Categoria(s) livros e revistas, off-topic, relacionamentos |
por Ana Farias |
Esse mês eu comprei a Nova porque não consegui resistir à lindíssima capa com a Milena Toscano.
Mesmo com o decote tchutchuca way of life, estava linda! O cabelo era o de sempre (“tenho meu próprio sistema de ventilação”), mas dessa vez não ficou over não, tá muito bonito, e a maquiagem perfeita. Uma capa sem excessos, tipo beleza possível, que deu gosto de ver. Sinceramente ainda acho que deveriam trabalhar melhor o guarda-roupa, porque gente, tããããoooo cansativo esse negócio “mulherão”. A Nova é o sexy a um passo do baile funk – pelo menos é assim que eu vejo.
Mas enfim, as matérias de relacionamento não costumam chamar muito a minha atenção porque acho tudo muito robótico e mais do mesmo. Mas dessa vez, até por motivos pessoais mesmo (não é tudo motivação pessoal?), vi uma que me interessou. “Sabotagem amorosa”.
Não sei quantas vezes algo do tipo já apareceu nessa e em outras revistas femininas, mas achei que de uma forma geral a matéria foi feliz. Quantas de vocês já pararam pra pensar em como a gente se sabota? Não só em relacionamentos amorosos, mas com amigos, com trabalho, com tudo mais? No fundo no fundo, a gente é sempre nosso pior inimigo. Não só por admitir certo tipo de pensamento negativo sobre si mesma (“não sou boa, magra, bonita, inteligente, capaz, etc o suficiente”), como também por permitir que outras pessoas nos convençam dessas e de outras coisas parecidas, e até piores.
No caso da matéria, relacionamentos amorosos. O ponto de partida é uma teoria que aprendi na prática, e que sempre falo pras minhas amigas: se todo namoro que a gente arruma é problemático, o problema é a gente. Simples assim. Porque se algo acontece uma vez, é acaso; duas você pode até dizer que foi azar; mas a partir da terceira, quéris, aí já vira comportamento padrão. E eu tive muito namoro ruim até perceber isso, que o problema é a forma como a gente se posiciona, é o tipo de pessoa que a gente busca, consciente ou inconscientemente (ou seja, sabendo que é assim e não fazendo nada pra mudar, ou não tendo ainda percebido que agimos dessa forma).
Essa matéria da Nova foi escrita a partir de uma entrevista com a autora de um livro chamado Relationships Saboteurs, Randi Gunther. Gente, o sonho da minha vida era escrever um livro de auto-ajuda em inglês, aparecer na Oprah e ficar podre de rica, mas enfim. As dicas que ela deu não são nenhuma novidade, mas quem sabe não dão uma luz pra alguém entre vocês, né? Então vamos lá.
Resumindo os comportamentos sabotadores de relacionamentos amorosos (não copiei a matéria, só citei os padrões e fiz comentários, ok?):
1 – Você é insegura. Essa é a mãe de todas as sabotagens, em todos os aspectos da vida. Eu sei porque já fui muito, e hoje ainda sou o suficiente pra me atrapalhar sozinha. Se não fosse a confiança que gente muito querida me passa por osmose (e por algumas broncas também), nem sei. “A insegurança é a experiência emocional da perda antecipada”. Ih, não vai dar certo. O trem nem aconteceu ainda, e a insegura já tá encalacrando no pessimismo. No namoro, o inseguro precisa de aprovação e de provas de amor o tempo todo, senão pira. Mas como no fundo todo mundo é egoísta, o namorado acaba percebendo que é impossível tentar preencher esse buraco, e desiste antes de pirar ele mesmo. Né?
2 – Você gosta das coisas do seu jeito. Quem divide um relacionamento (e/ou um espaço), precisa aprender a abrir mão às vezes. Não dá pra fazer as coisas sempre do jeito de um apenas. O controle tem que ser meio a meio, ninguém na mão de ninguém. Porque uma hora o controlado se sente sufocado, roda a baiana, e pede pra sair. Ou pede pra você sair. E gente que não sabe ceder acaba sempre sozinho, minha mãe me ensinou.
3 – Você faz tudo pelo parceiro. Por outro lado, não dá também pra sair abrindo mão de tudo. Isso te coloca na outra ponta do último item. Uma hora você vai querer cobrar tanto "altruísmo", mas aí a pessoa já estará mal acostumada, e não vai se sujeitar a cobranças. Também tive meu quinhãozinho desse perfil, mas aprendi depois de atrair muito manipulador pra minha vida. Não entre em relações onde você assuma o papel de vítima e o outro de aproveitador, verbalize sempre suas necessidades. Se o cara não se interessar, pegue outro no pacote de biscoito.
4 – Você tem medo de se entregar. Apesar da cafonice na escolha do verbo, é isso aí: você tá sempre com pezinho atrás e não percebe que cada história tem potencial pra ser uma história diferente – desde que, obviamente, você não tenha caído em algum padrão frenético de escolhas erradas. Uma hora o cara cansa de te provar que pode dar certo, e aí você fica sozinha again. Não é o que você faria? Essa eu anotei. Projeto pra 2011, parar de começar TODOS os meus pensamentos com a frase "bom, de acordo com a minha experiência nesse tipo de situação"...
5 – Você gosta de ser ouvida – sempre. Auto-explicativo. Ninguém gosta de gente que vive pra ser o centro das atenções, que não passa a bola, que não sabe dividir, que se acha, que...
6 – Você é inocente. Mesmo que não esteja mal-intencionada, permite certas segundas intenções externas: ex que vive ligando, amigo com quem você tem intimidade puxando conversas safadeeenhas no MSN, paquera platônica do trabalho mandando email, perfil em redes sociais cheio de gente sensualizando pra você, etc. Ou seja, tudo que te deixaria magoada e/ou P Da Vida se fosse o contrário. Esconder essas coisas é chabu, porque omissão, assim como mentira, tem perna curta. Aí um dia o cara descobre do nada, olha o problema. E aí ele termina o namoro. Não é o que você faria [2]?
A sugestão é aprender a reconhecer esses traços comportamentais em você, e a neutralizá-los. Resumindo muito (e sendo muito óbvia também), aprender a se posicionar na hora que você precisa se posicionar, ceder quando precisa ceder, e, principalmente, não errar onde não gostaria que errassem com você. É por aí que a gente encontra o equilíbrio necessário pra estar numa relação saudável.
Ei, a matéria não diz que seria fácil! rs
O negócio é se disciplinar pra ser feliz. Não permitir pensamentos negativos, baixar a guarda enquanto não tiver provas concretas de que aquela pessoa não merece seu comprometimento, não permitir que passem por cima de você, mas também reconhecer quando você está querendo, por capricho, passar por cima do outro.
E bora ser feliz em 2011! Seja buscando um namorado fora de um padrão que nos traga sofrimento, seja dosando melhor um bom relacionamento no qual a gente já se encontre. Ninguém quer ser infeliz, certo?
A matéria está nas páginas 108-110 do exemplar de janeiro de 2011 (ano 39, n°1).
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